quinta-feira, 24 de março de 2011

OBJECÇÕES À TEORIA DE J. RAWLS

A teoria de Rawls não compensa as desigualdades naturais
A concepção comum de igualdade de oportunidades não limita a influência dos talentos naturais. Rawls tenta resolver essa falha através do princípio da diferença. Assim, os mais talentosos não merecem ter um rendimento maior e só o têm se com isso beneficiarem os menos favorecidos. Mas talvez Rawls não tenha resolvido o problema. Talvez a sua teoria da justiça deixe ainda demasiado espaço para a influência das desigualdades naturais. E nesse caso o destino das pessoas continua a ser influenciado por factores arbitrários.

quinta-feira, 17 de março de 2011

A TEORIA DA JUSTIÇA DE JOHN RAWLS

Problema
Há crianças vendidas por pais extremamente pobres a quem tem dinheiro e falta de escrúpulos para as comprar; pessoas cujo rendimento não permite fazer mais do que uma refeição por dia; jovens que não têm a menor possibilidade de adquirir pelo menos a escolaridade básica; cidadãos que estão presos por terem defendido as suas ideias. Perante casos destes sentimos que as nossas intuições morais de justiça e igualdade não são respeitadas. Surge assim a pergunta: Como é possível uma sociedade justa? Este problema pode ter formulações mais precisas. Uma delas é a seguinte: Como deve uma sociedade distribuir os seus bens? Qual é a maneira eticamente correcta de o fazer? Trata-se do problema da justiça distributiva. A pergunta que o formula é a seguinte: Quais são os princípios mais gerais que regulam a justiça distributiva? A teoria da justiça de John Rawls é a resposta mais influente a este problema. Esta lição irá sujeitar à tua avaliação crítica os argumentos em que se apoia e algumas objecções que enfrenta.

sexta-feira, 11 de março de 2011

DO ESTADO DE NATUREZA AO GOVERNO CIVIL

 O estado de natureza, diz Locke, é, em primeiro lugar, um estado de perfeita liberdade; em segundo lugar, um estado de igualdade; e, em terceiro lugar, é regido por uma Lei da Natureza. O princípio da igualdade de Hobbes consistia numa afirmação das capacidades mentais e físicas de todas as pessoas. Para Locke, trata-se de uma afirmação moral relativa a direitos: nenhuma pessoa tem o direito natural de subordinar outra. Esta afirmação visava explicitamente aqueles que, incluindo Filmer, aceitavam a perspectiva feudal de uma hierarquia natural, encabeçada por um soberano que governava por nomeação divina. Para Locke, é evidente que ninguém tem naturalmente o direito de governar, no sentido em que ninguém foi nomeado por Deus com essa finalidade.

quinta-feira, 3 de março de 2011

A JUSTIFICAÇÃO DO ESTADO E O ESTADO DE GUERRA

A maior obra de Hobbes, Leviatã (publicada em 1651), trata um assunto que o obcecou durante mais de vinte anos: os males da guerra civil e a anarquia que a acompanharia. Nada podia ser pior do que a vida sem a protecção do estado, afirma Hobbes, e, portanto, o governo forte é essencial para assegurar que não caímos na guerra de todos contra todos.
Mas por que razão pensava Hobbes que o estado de natureza seria tão desesperado, um estado de guerra, um estado de medo constante e risco de morte violenta? A essência da perspectiva de Hobbes é que, na ausência de governo, a natureza humana conduzir-nos-ia, inevitavelmente, ao conflito grave. Assim, para Hobbes, a filosofia política começa com o estado da natureza humana.