domingo, 18 de maio de 2008

A ATITUDE ESTÉTICA

A percepção estética será explicada em termos da atitude estética.
É a atitude que tomamos que determina a forma como percepcionamos o mundo. Uma atitude é uma maneira de dirigir e controlar a nossa percepção. Nunca vemos nem ouvimos, indiscriminadamente, tudo aquilo que constitui o nosso ambiente. Pelo contrário, “prestamos atenção” a algumas coisas, ao passo que apreendemos outras apenas de maneira vaga ou quase nula. Portanto, a atenção é selectiva – concentra-se em alguns aspectos do que nos rodeia e ignora outros. Além disso as nossas acções são geralmente dirigidas a um objectivo. Obviamente, quando os indivíduos têm fins diferentes, percepcionam o mundo de maneira diferente: uma pessoa dará ênfase a determindas coisas que outro ignorará.
A atitude estética não é aquela que adoptamos usualmente. A atitude que tomamos habitualmente pode ser chamada atitude de percepção “prática”.
Habitualmente, vemos as coisas do nosso mundo em termos da sua utilidade para a promoção ou o prejuízo dos nossos fins. Vejo uma caneta como algo com que posso escrever, vejo um automóvel que se aproxima como algo a evitar. Não concentro a minha atenção no objecto propriamente dito. Pelo contrário, ele só me interessa na medida em que pode ajudar-me a atingir um objectivo futuro. O trabalhador que não olha para além das suas ferramentas não faz o seu trabalho. Assim, quando a nossa atitude é “prática”, percepcionamos as coisas apenas como meios para um fim que está para lá da experiência de as percepcionarmos.
Pelo contrário, a atitude estética é a atenção e contemplação desinteressadas e complacentes de qualquer objecto da consciência apenas em função de si mesmo.
A palavra desinteressadas é de importância crucial. Significa que não olhamos para o objecto preocupados com qualquer fim ulterior para que possa servir. O nosso interesse repousa tão-só no objecto, de modo que ele não é considerado um sinal de um acontecimento futuro, como a campainha para o jantar.
A palavra complacentes, refere-se ao modo como nos preparamos para reagir ao objecto. Quando apreendemos um objecto esteticamente, fazemo-lo para apreciar a sua qualidade individual, quer ele seja encantador, comovente, vívido ou todas estas coisas simultaneamente. Para o apreciarmos, temos de aceitá-lo “tal como é”. Temos de nos tornar receptivos e de nos “dispor” a aceitar o que quer que ele possa oferecer à percepção. Ser “complacente”, no que à experiência estética diz respeito, significa dar ao objecto a “oportunidade” de mostrar que pode ser interessante percepcioná-lo.
Jerome Stolnitz

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